terça-feira, 27 de maio de 2008

Uhm!!! Uma parte de dar água na boca...

Depois de museu de bumba-meu-boi, de tambor de crioula, de arquitetura caracterizada pela presença de azulejos portugueses e franceses, das janelas de São Luís presentes nos solaris e outras construções, pedra sabão e óleo de baleia em paredes, de belezas naturais como Calhau, Lençóis Maranhenses, Alcântara, não poderíamos deixar de abordar um aspecto tão marcante da cultura local que é culinária maranhense.


Por termos ficado duas semanas no Estado e termos passado por cidades mais próximas do litoral, vamos falar de uma parte reduzida dos traços alimentícios, até porque nesse pequeno tempo e pela localização das cidades que fomos não poderíamos falar com profundidade da culinária local, mesmo porque nem é nosso propósito.

Então, sem mais explicações vamos para um prato característico do Brasil, mas que lá ganha um tempero diferente, e não só o tempero, mas a coloração também – estamos falando do Arroz de Cuxá. A base do prato é uma planta chamada Vinagreira ou Azedinha. A receita pode ser encontrada neste link – tanto para matar curiosidade de uns como para estimular a prática de outros.


O arroz de cuxá é encontrado em praticamente todos os restaurantes de São Luís, tem um sabor exótico. Há quem adore e os que odeiam. Mas o cuxá não é só usado no arroz, pode ser colocado em frango de panela e outras carnes, em geral.

Um tempero muito freqüente na comida maranhense é o Coentro. Principalmente em vinagretes e carnes. Pode-se comparar o uso de coentro lá com o uso da salsinha nos estados do Sudeste. É interessante observar a estranheza com que um olha o costume do outro. Ou seja, para os paulistas, por exemplo, é normal a salsinha e o coentro não é tão usado, pois este atribui um sabor estranho ao alimento, segundo o paladar paulista. Já no Maranhão e em outros Estados do Nordeste soa estranho usar salsinha, já o coentro é adorado por eles.

Um produto tipicamente maranhense é o refrigerante Jesus. Sim, ele vem numa embalagem rosa, sua coloração também é rosada e tem sabor de tuti-fruti, mas depois de ingerido deixa um leve gosto de canela na boca. Nós gostamos muito de Jesus, mas há que não tome alegando ser muito doce.


Freqüente também na região é a pinga feita da mandioca, macaxeira ou aipim, a popular Tiquira, que por sinal é bem forte.

Tem também açaí, cupuaçu, e as castanhas, muitas castanhas, que são encontradas a preços bem baixos em barraquinhas.

Quase nos esquecemos de relatar uma experiência, um tanto quanto frustrante, que diz respeito aos lanches da região. São muito pequenos e simples, quando comparados aos padrões paulistas.

Enfim, há muitas peculiaridades na culinária maranhense, nós, com certeza, ressaltamos apenas algumas.

quinta-feira, 15 de maio de 2008

Grandes Lençóis Maranhenses

Quando chegamos em São Luís não sabíamos ao certo para onde iríamos depois. A indefinição teve breve vida. Mas ao sermos questionadas várias vezes - "Vocês já foram a Barreirinhas?" - e após as informações de Dona Goreti, que mereceria um post à parte, no Centro de Informações ao Turista, decidimos conhecer a tão falada cidade.

Saímos de São Luís às 5h do dia 17/01. Uma van nos buscou no hotel Cantaria (no qual permanecemos por 8 dias), juntamente com duas amigas que fizemos, uma de Belém - Lídia - e outra de Macapá - Mara. Às 9h45 chegamos a Barreirinhas, MA. A estrada é asfaltada e a viagem foi bem tranquila. A paisagem ao redor da pista é belíssima. Rios, lagoas, coqueiros, árvores, campos, a diversidade sobre um chão arenoso. Surpreendente, da areia brota tamanha riqueza.

A van nos deixou na Pousada da Deusa, viúva de um vereador. Deusa decidiu aproveitar o potencial turítico da cidade alugando os quartos de sua casa para turistas. Ela não estava quando chegamos. A sobrinha nos recebeu e, mais que isso, indicou os passeios, ligou e negociou os preços. Em menos de meia hora já estávamos com a agenda cheia até o dia seguinte. No primeiro, visita ao Lençóis; no segundo, subir o Rio Preguiça de barco.

À tarde fomos conhecer o Parque dos Lençóis Maranhenses, que concorre a uma das 7 maravilhas naturais do mundo - a votação vai até julho deste ano. O acesso é difícil, só através de camionete com tração nas rodas para não atolar na areia. A toyota, que tem cobertura e bancos com ecosto adaptados na traseira, nos buscou na pousada.





Ela atravessou um rio numa balsa impulsionada por um barco a parte. Saiu da balsa, começa a andar e de repente pára. O motorista desce e vai ligar a tração nas rodas do veículo. Entramos na trilha para os Lençóis. Em alguns trechos é bem fechada, os pés de caju e outros arbustos quase invadem a trilha. O balança pra cá e pra lá desritmado faz com que todos os 12 passageiros da carroceria se segurem, e segurem bem.




Depois de 40 min de trilha a vista é incrível - dunas esculpidas pelo vento e alguns vales, onde estariam as lagoas, mas nessa época do ano muitas estão secas. Por isso o recomendado é visitar os Lençóis em julho, quando as lagoas estão cheias.




A primeira delas chama-se Preguiça. Segundo o guia Antônio, é para aqueles que não querem ou não aguentam caminhar pelas dunas, os "preguiçosos".



Fomos até a lagoa dos Peixes, que como o nome sugere tem muitos peixinhos rodeando os pés dos banhistas. Tem que ter fôlego para chegar e ficar próximo aos grupos visitantes, afinal perder-se em meio a tantas elevações e vales de areia é bem fácil.



É indescritível a vista. As fotos exibidas não conseguem mostrar a beleza que os olhos contemplam. Às 17h nos despedimos dos Grandes Lençóis e pé na estrada. Agora com chuva. Mas mesmo assim a volta foi tranquila.



terça-feira, 6 de maio de 2008

Isso é Maranhão

Uma roda, mas não de ciranda.
Senhoras, moças, meninas, enfim, mulheres.
Elas, cada qual do seu modo, sentem a batida do tambor
e o canto que se repete dando a cadencia.
E então exibem, sem forma ou regra, o gingado, o remexo,
fazem-no espontaneamente.
Mas mesmo com a originalidade, a liberdade de passos,
aparece um traço marcante na dança,
a unidade do grupo na diversidade de perfis e performances.
Uma no meio, todas no círculo,
A ida ao centro é indicada pelo umbigo;
o toque de um no outro passa o compasso,
o entusiasmo ainda maior de estar em destaque.
E assim as bailarinas sem sapatilha
(a maior parte descalça),
de saia rodada, rodam e rodam,
quase um pião,
mas peão, macho fica parado nas pernas,
fora da roda, meche a mão e a boca.
E a alegria continua...
Até que a vivacidade afro-brasileira peça uma pausa.
Tudo recomeça no próximo Tambor de Crioula.