O barco que transporta os turistas de São Luís a Alcântara tem dois ambientes: o de cima ao ar livre. Ali pudemos constatar que estávamos a 2 graus da linha do Equador, sentadas, a perna de Raquel literalmente torrou. O outro ambiente, abaixo da gente é fechado, com ar condicionado e banheiro, mas sem a vista que tínhamos e mais fácil de enjoar.
Saímos de São Luís às 10h e levamos em torno de 1h30 para completar o percurso, balançapracá balançapralá.
Durante o trajeto olhamos para o lado e vimos um garoto de olhos fechados e cabeça baixa. Num primeiro momento pensamos que ele dormia. Mas ao ver uma garota recebendo uma sacolinha branca de um assistente do barco concluímos que eles passavam mal. O que foi confirmado pelo guia, "tem muita gente mareada lá embaixo. A fila do banheiro está enorme".
Chegamos a Alcâtara. A região é muito bonita. Área de mangue e ao fundo vê-se pés de babaçu.
Subimos a rua Jacaré, uma ladeira onde existem muitas ruínas. A rua é feita de pedras de minério de ferro e pedra sabão formando um losango que simboliza a maçonaria. No alto a vista é linda - mar, ilhas e São Luís, bem ao longe.
Visitamos a Igreja Matriz. Por fora uma contrução simples, por dentro paredes e ornamentos exuberantes.
Fomos ao Museu Histórico de Alcântara, antiga casa do Barão de São Bento, um dos nobres da região. Os senhores, que preferiam morar no continente - Alcântara-, que na época era Vila, eram donos de fazendas de algodão e engenhos de cana. Alcâtara era mais próspera que a ilha de São Luís. Esta concentrava o comércio dos produtos provindos da Vila e os serviços, em geral.
Conhecemos também o Cartão Postal de Alcântara, antiga Igreja dos Jesuítas, que hoje encontra-se em ruínas. Na praça da igreja há o pelourinho.
Passamos pela Igreja de São Francisco de Assis, de 1714, hoje em ruínas, que tem o símbolo da fraternidade na entrada; pela Igreja do Rosário dos Pretos, 1803, que apresenta um galo preto em sua torre (indício de construção portuguesa, lembrem-se dos galos presentes nas latas de azeite português).
Na época do Império, D. Pedro I prometeu visitar a Vila. Com o anúncio da visita, duas famílias influentes na região começaram a construção de duas casas para hospedar o imperador. A rivalidade era enorme, afinal quem hospedasse D. Pedro poderia ganhar um título de nobreza.
Alcântara começa a declinar no fim do século XIX, por vários motivos, dentre eles: abolição da escravatura, exploração excessiva do solo, recuperação do cultivo de algodão nos EUA depois da Guerra de Secessão, fim da Companhia Geral de Comércio.
Algumas das construções foram tombadas pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - IPHAN - em 1948. Na parte histórica da cidade não se vê fios de eletricidade, nem de telefone. Eles são embutidos, por baixo das ruas.
Por fim fomos conhecer a Casa da Cultura Aeroespacial. Lá assistimos a um vídeo sobre as atividades da Base de Alcâtara, localizada a 14Km da cidade. Uma das operações Cumã II, realizada em julho de 2007, lançou um foguete que ficou 6min em situação de microgravidade, gravidade quase zero. Depois ele caiu perto da Ilha de Santana, a 45min de helicóptero da base de Alcântara. Isso quem nos contou foi um soldado que não quis dizer o nome.
Voltamos ao cais, onde embarcaríamos para São Luís. Quando o barco chegou houve um empurra-empurra e bate boca, pois havia mais gente que a capicadade permitida e ninguém queria esperar pelo próximo barco. Devido a situação tensa, resolvemos nos afastar e esperar pela próxima embarcação, que chegou às 18h. Esperamos cerca de 2h.
A volta para São Luís foi uma aventura. Anoiteceu e o mar estava agitado. Raquel, assim como outros turistas, ficou com muito medo, pois várias vezes pensou que o barco ia virar. Andréa, mesmo com os fortes balanços do barco, manteve-se mais calma. Não estávamos com coletes salva-vidas, só alguns passageiros. Os turistas, um seguido do outro, chamavam os assistentes da embarcação para perguntar se aquela situação era normal, se estava tudo bem. E eles respondiam: "o mar está um tapete, você precisa em agosto, ai sim ele é agitado". Mesmo assim alguns não escondiam um certo pânico.
Quando chegamos em São Luís, uma das passageiras, ao pisar no cais, pulou, vibrou e disse: "Nunca mais faço isso. Nesse barco nunca mais".
Alguns dias depois, durante uma entrevista, ouvimos: "o que? Vocês foram de barco para Alcâtara? É muito perigoso. Aqueles barcos estão sucateados". E para terminar, duas amigas que estavam na mesma pousada que a gente e fizeram o passeio: "Deus me livre, aquilo é um perigo".
Um comentário:
"Raquel, assim como outros turistas, ficou com muito medo, pois várias vezes pensou que o barco ia virar. Andréa, mesmo com os fortes balanços do barco, manteve-se mais calma. "
Pô Raquel, vai deixar ela te chamar de medrosa e falar que é super corajosa? hahahaha
to zuando meninas...
Bjos, até mais
Postar um comentário