Pele morena, cabelos escuros lisos, olhos castanhos ligeiramente puxados, estatura baixa, enfim, traços indígenas marcantes. Entrou no ônibus em que estávamos (Goiânia - Santa Inês) acompanhada de duas filhas, uma irmã e uma sobrinha. Sentaram-se do nosso lado. Falantes entre elas, mas reservadas para com os outros. A irmã e as duas filhas sentaram em dois bancos, lado a lado, e logo atrás, ela e a sobrinha.
Após algum tempo a filha mais nova começou a olhar para nós, pequenas olhadelas de curiosidade e simpatia que resultaram em um tchau de nossa parte. E pronto, estava estabelecida a comunicação. Num primeiro instante, apenas com linguagem não-verbal, eram gestos de um lado e sorrisos de outro. Mas uma criança olhar muito para alguém faz com que o adulto desconfie. Assim a irmã, tia da garotinha, se virou, nos cumprimentou com um sorriso mais reservado.
Começamos a falar com a mulher de traços de um Brasil não tão reconhecido. Ela nos contou que nasceu em Pinheiro, na baixada maranhense, mas mudou-se com o pai para Ariquemes, Rondônia. O motivo da mudança foi que o pai não conseguia emprego em Pinheiro, pois segundo nossa interlocutora, o município não oferece oportunidades.
Em Rondônia eles ficaram. Em Rondônia ela casou. Em Rondônia ela teve duas filhas. Agora ela viajava com parte da família para visitar a avó que ficou na sua cidade natal. "Fazia tempo que não ia para Pinheiro, porque a estrada é longa e muito ruim".
A garotinha atenta à conversa, passado um tempo, centrou os olhares para si. Começou a cantar e a sorrir devido ao público que observava sua expressão musical.
As mulheres nos acompanharam até Vitória do Mearim. Na despedida, acenos e votos de boa viagem trocados principalmente entre a garotinha, Emily Eduarda, e nós.
Um comentário:
Muito legal o blog. Parabéns! Sempre que possível retornarei.
Abraços,
Vinicius Factum
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